Entre Palavras

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Querer...

No transcorrer de algumas semanas estive a me questionar (e assim, acabei questionando muitos a minha volta) sobre o que poderia fazer com que duas pessoas decidissem ficar juntas. Existiria necessariamente um sentimento, sendo ele de qualquer ordem? Partindo do pressuposto que sim, ele surgiria de que forma? A partir de que, de onde? Será que nós procuramos inconsciente e/ou conscientemente algo no outro que faz com que esse sentimento desperte? E se o fazemos, possuiria esse outro realmente tais qualidades que se acredita? Ou seria isso apenas mais uma verdade criada por nós e para nós? E ainda, qual seriam os motivos que estariam por trás da nossa necessidade de criá-las?

A partir daí o assunto começou a render de modo que cheguei à indagação do que faz com que desejemos permanecer ou não ao lado de alguém? E se o fazemos é por vontade de estarmos juntos, por dependência ou por costume? Ou por acreditarmos que é ela o objeto (entendam este no seu sentido mais amplo, o simbólico) capaz de nos trazer a completude, de esvaziar a nossa eterna sensação de que algo nos falta? Poderia ainda ser um pouco disso tudo? E qual seria a razão desses sentimentos algum dia cessarem ou ao menos parecerem deixar de existir? Como as características outrora fundadoras de vínculos poderiam vir a ser aquelas que trarão o espaçamento entre os corpos e as mentes ou entre as mentes e os corpos?

Todas essas interrogações acabaram sendo por mim feitas a outrem ou apenas divagadas mentalmente a partir dos vários discursos que foram pronunciados (ou seria melhor dizer enunciados, tal como propõe Lacan?). Vale ressaltar, que, em geral, percebi certa demora das pessoas para responder, além de alguma dificuldade em perceber o que poderia ter causado tal aproximação (mesmo uma característica qualquer). De fato, poucos pareciam ter parado para pensar sobre isso em algum instante. Será que isso é algo que vale ser pensado? Ou deveríamos esquecer essa mania freqüente em muitos de tentar racionalizar aquilo que não precisa adentrar nesse campo? Será que esses campos não têm uma relação dialógica? Uma melhor e maior observação de nossas escolhas (e por que não de nós mesmos como um todo?) ainda é o que me parece mais interessante, seja qual for a situação.

Dentre diversas respostas, um alguém me diz que o motivo pelo qual se envolve com alguém é o quanto essa pessoa lhe faz bem e vice-versa e essa resposta me intrigou! Sim, me intrigou, pois dentre todas aquelas que poderiam ter sido dadas, esta me pareceu ser a única onde havia o mínimo possível de necessidade de encontrar no outro aquilo que faltaria. Será que isso é possível? Sermos tão altruístas ao ponto de não acharmos que o outro detém algo que nos falta e que de alguma forma ao estarmos com ele teríamos a idéia de completude, mesmo que de forma inconsciente?

Afinal, o pouco que percebi com todos esses questionamentos é que o motivo pelo qual as pessoas ficam juntas é com grande freqüência o querer, seja ele de qual ordem for. Que é ele o maior impulsionador em e de um relacionamento. E que por diversas vezes são tantas as semelhanças e tão poucas as diferenças (ou vice-versa). Entretanto, isso não parece ser, em geral, o preponderante para a motivação desse querer (de fato, ouvi muitos colocarem sobre o quanto a semelhança com seus companheiros e companheiras acabou sendo algo importante para a aproximação deles, enquanto tantos outros nem citaram isso como um fator central para os seus relacionamentos e vários colocaram ainda, que semelhança demais viria a atrapalhar. Afinal, quem nunca ouviu o comentário de alguém dizendo que não agüentaria ninguém que fosse tão parecido consigo?). Enfim, e quando o é, não parece ser o fator determinante para o querer, para aquele querer-fazer-dar-certo, aquele que vejo como o grande propulsor, aquele que tem tantos motivos por trás, enfim, aquele que simplesmente tem a força de transformar o vir-a-ser em ato .
posted by Natália L. at 02:23

3 Comments:

existe, então, um fator determinante para o querer??

3 de abril de 2008 às 18:08  

A minha resposta seria que não há um fator determinante, e sim, fatores determinantes ;)

3 de abril de 2008 às 23:55  

Ah ok entendi!

5 de abril de 2008 às 14:15  

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