Entre Palavras

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Advir

As flores caem, já é outono

O céu já não está tão verde como antes
E onde foi parar você, amor?


Se foi no vento como as folhas.
Folhas essas, um dia verdes, se desfizeram como aquele laço vermelho
Que outrora desamarrasses em mim com sua chegada


Ah... e como era difícil ser rígida...
E como é difícil sê-lo ainda!
Mas, diga-me
Do ser pode fugir-se?
Ou é possível fugir-se de ser?


Tento modificar aquelas coisas que já atrasam minha partida
Mas, como alçar vôo estando tão presa a tudo?


No entanto, já não sinto mais a falta daquele teu sorriso e as incertezas agora se transformaram em outras
Incertezas outras
Outras certezas
Todas se misturando no agora
Entre mim e um outro, entre um mundo e mim


Mundo esse ao qual desconheço
E o qual é doce não conhecer
As incertezas e as dúvidas não mais assustam àquela que um dia precisou de uma inútil e terceira perna para se sentir segura


E quão libertadora é a sensação de não temer aquilo que não se pode conter
Afinal, algum dia se pôde fazê-lo com a vida?
É ela passível de controle?


Hoje posso ver claramente a obviedade responsiva da minha pergunta
Ainda não creio na tolice existente na minha mente de algum dia ter acreditado ser isso possível
Contudo, é justo esse poder fantástico o que torna a nossa mente algo tão inebriante


Tal como o balanço das folhas de uma árvore
Que agora parecem soar como uma valsa
E como elas, movimento-me para os lados deixando cair apenas aquilo já velho
Aquilo que não mais serve para o funcionamento de minha vida


E assim, na tentativa de ser tão sábia quanto a árvore...
Percebo cada vez mais o quanto é preciso deixar-se ir para poder advenire

posted by Natália L. at 20:42

1 Comments:

oia dona laporte nas artes das palavras... poetisa...
keep going... escrever é uma arte e ver o resultado é todo o prazer de sua arte criada...

=***

Brenus Lucius

4 de novembro de 2008 às 21:04  

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