Entre Palavras

sábado, 10 de maio de 2008

O novo luxo?

De acordo com a perspectiva de alguns, nós estaríamos recuperando o luxo que nos levaria da aparência para a essência. E ao pensar sobre isso fiquei a me questionar, será mesmo?

Quanto a isso acabei lendo a seguinte matéria na revista Vida Simples:

"Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Um sujeito entra na estação do metro, vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, na hora de ponta matinal. Durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.

Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, umStradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, telemovel no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo semetiqueta de grife.

Esse é um exemplo daquelas tanats situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor bola porque não vem com a etiqueta de seu preço. A boa notícia é que pela primeira vez na história temos a chance - eu, você e quem mais quiser - de definir o que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes. Não é mais um luxo o que o mercado diz que você deve ter, sentir ou ser. O luxo se relativizou, cada indivíduo o percebe a seu modo.

Sabe quando você faz algo que lhe dá um prazer danado, mas que acontece aqui e ali, bem raramente, e que por isso mesmo traz uma sensação de felicidade, que transborda só de pensar? Pois a experiência única, que evoca esse estado de espírito, é o tal luxo para chamar de seu."

Ainda não sei se podemos ter uma perspectiva tão otimista, principalmente se ela tiver uma pretensão universalizante, mas prefiro adquirir essa perspectiva de luxo como algo cada vez mais presente na minha vida. E por enquanto, se eu conseguir fazer isso e ainda influenciar algumas pessoas ao meu redor já está de bom tamanho ;)
posted by Natália L. at 16:14

0 Comments:

Postar um comentário

<< Home